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22 de setembro de 2017

Homilia de Dom Paulo na abertura do ano jubilar diocesano


São Mateus, 21 de setembro de 2017.

Abertura do Ano Jubilar e festa do glorioso São Mateus

– Excelentíssimos e Reverendíssimos Arcebispos e Bispos (Dom Luiz Arcebispo de Vitória, Dom Wladimir bispo de Colatina, Dom Dario bispo de Cachoeiro de Itapemirim, Dom Rubens Sevilha, bispo auxiliar de Vitória). Reverendíssimos e amados Presbíteros. Estimados Diáconos, Religiosos, Religiosas, Seminaristas, todas as autoridades constituídas ou representadas e todo povo santo de Deus.

No espírito das Santas Missões Populares, Ano Mariano (300 anos da aparição e história de Nossa Senhora Aparecida junto ao povo brasileiro), 473 anos da cidade de São Mateus. Nossa Diocese celebra a abertura dos 60 anos de caminhada de fé. Com o tema: “IGREJA PROFÉTICA E MISSIONÁRIA A SERVIÇO DA VIDA” e com o lema: “A MISSÃO CONTINUA”. A liturgia de hoje, vem ao encontro do que nos propomos a celebrar. Sentimentos e valores como grandes forças para a nossa ação pastoral.

MT 9,9-13: O Evangelho de hoje é um retrato de como devemos olhar e acolher o outro em nossa ação pastoral ou em nossas relações interpessoais. Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos. O olhar de Jesus é capaz de ir além, do que um simples olhar humano enxerga de um judeu cobrador de impostos. Ele reconhece em Mateus um filho muito querido e amado por Deus e isso é o que Ele comunica primeiro para o cobrador de impostos. Seu olhar sobre Mateus está carregado da ternura e misericórdia, que cura as feridas e perdoa os pecados, amando-o incondicionalmente.

– É bom lembrar, que os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados, porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e em geral, aproveitavam este momento para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais, que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Ele chama um cobrador de impostos para ser seu discípulo e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus ao interpretar suas leis, num olhar puramente humano, a partir de seus interesses. “Eu não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mt 9,13)!

– O problema dos fariseus é o problema dos que na Igreja ou na sociedade se consideram santos e justos. Tem dificuldade de aceitar o irmão que erra. Jesus aceita Mateus, não depois que ele se converteu e se esforçou para ser bom, mas enquanto ainda é pecador. Jesus não perdoa o pecador, porque se converte, mas o perdoa, para que acolhido e amado, possa converter-se. Mateus sente-se acolhido, amado e perdoado, como resposta se apresenta a Jesus como novo homem, convertido e disposto a segui-lo.

– A lei condena o pecado e pune o pecador, enquanto Jesus perdoa o pecado e acolhe o pecador. Deus não é lei, mas amor; não é punição, mas perdão; não é castigo, mas remédio.

– Deus é amor, tudo é graça e Jesus é a plenificação deste amor. É mais difícil para Jesus converter um justo que se julga santo, do que converter um pecador. Enquanto o justo resiste ao amor de Deus, o pecador reconhece com mais facilidade o seu pecado e o amor de Deus: ele tem necessidade.

– É com este olhar de Jesus, que os discípulos missionários devem caminhar, acolhendo a todos com suas particularidades sem condenar.

– Paulo na carta aos Efésios (Ef 4,1-7.11-13) nos exorta a caminhar de acordo com a vocação, que cada um recebeu, porém, no seguimento a Jesus indica alguns valores para viver bem esta vocação: humildade, mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência no amor. O amor acima de tudo. Segundo Paulo, o alicerce e a raiz do amor têm como finalidade conservar a unidade do Corpo de Cristo (4,1-6). Mas, unidade não significa uniformização, pois Deus concede dons diferentes a cada pessoa (4,7-13). Essa unidade na diversidade dá coesão à comunidade, para que ela não seja dominada por doutrinas que a disperse (4,14-16).

Para o Apóstolo Paulo, o aspecto central da vida cristã é a unidade. Com efeito, a ação de Deus em Jesus Cristo unifica toda a realidade. Os cristãos devem ser exemplo vivo dessa unidade, que supera as divisões humanas (Ef 4,1-6), porque dividir, se podemos somar e caminhar juntos?

– A diversidade dos dons que cada um recebeu de Cristo, não pode ser fonte de divisão, inveja e competição entre as pastorais e movimentos na comunidade. Paulo relembra que a variedade de dons é desejada por Cristo, para que cada um se coloque a serviço de todos. Os dons relembrados no v. 11 são os carismas de governo e ensino, importantes para a comunidade permanecer unida no conhecimento e no compromisso da fé (4,7-13). Não é missão simplesmente do Bispo, padres e religiosos que exercem o múnus de governar, é missão de todos nós.

– Porque criar na ação da Igreja situações de desconfortos ou conflitos se nós recebemos dons e carismas para serem colocados a serviço do bem comum? Porque odiar e excluir, se podemos amar e acolher? Porque cada pastoral ou movimento caminha isoladamente ou forma o seu gueto, se podemos caminhar juntos? O objetivo é o mesmo: a prática do amor no seguimento de Jesus e do seu Evangelho.  Segundo São Paulo, vivendo o amor autêntico, que preserva a unidade e respeita a diversidade, a comunidade se torna capaz de discernir as falsas doutrinas,  mantendo sempre vivo o esforço e a tensão que a leva a crescer sempre mais, tornando-se a verdadeira Igreja de Cristo, sem divisão e exclusão (14-16).

Por isso, o nosso desejo a partir do Lema: A MISSÃO CONTINUA à luz das Santas Missões Populares e do grande apelo que o Papa Francisco faz de uma Igreja em saída, queremos viver profundamente o tema dos 60 anos da caminhada de fé de nossa Diocese: IGREJA PROFÉTICA E MISSIONÁRIA A SERVIÇO DA VIDA. Respeitando as diferenças, fortalecendo o espírito de amor, comunhão e unidade na diversidade. Manter sempre alerta o cuidado, para que nossas pastorais e movimentos não trabalhem de forma isolada. É a nossa missão levar os seus membros a reconhecerem, que todas as pastorais e movimentos nasceram dentro de uma comunidade eclesial, por isso devem caminhar juntos. Criar uma Igreja comunhão na diversidade. Sonhamos e queremos uma Igreja, a qual todos coloquem seus dons e carismas a serviço da vida e do bem comum, conservando a unidade, unidas no amor. Que as diferenças sejam oportunidades de construir uma Igreja harmoniosa, somos convidados a conviver e harmonizar as diferenças.

– A partir desta iluminação Bíblica e da caminhada pastoral até aqui, apresento um pouco, como será a missão da Diocese neste ano jubilar:

– Hoje (21/09/2017), no final da celebração cada Paróquia receberá uma imagem de São Mateus. Especialmente, neste ano jubilar esta imagem ficará na Igreja de referência da Paróquia. Podendo após o encerramento das festividades dos 60 anos, ficar na própria Igreja ou Centro Paroquial.

– No dia 26/11/2017 – concentração de todas as comunidades. Abertura do Ano Nacional do Laicato. Neste dia, serão entregues as imagens (50 cm) para cada Comunidade da Paróquia.

– A partir de FEV/2018 – visita às Famílias com a imagem de São Mateus.

Em cada casa será realizada uma oração de bênção à família, oração própria para enfermos ou pessoas impossibilitadas de ir para a comunidade, etc. Cada família receberá uma garrafinha de água benta adesivada, com foto, oração de São Mateus, um cartão contendo diversas orações e também a foto da imagem de São Mateus. Momento forte de missão e oração, envolvendo todas as famílias, membros das pastorais e movimentos conjuntamente. Será realizado um cadastramento de todas as famílias (uma radiografia sacramental/familiar). Esta atividade vem ao encontro das orientações das Santas Missões Populares, a partir do lema: A “MISSÃO CONTINUA”.

– Dia 16/02/2018 – Na Antiga Catedral, Santa Missa para recordarmos a Instalação da Diocese, às 19h.

– No dia 21 de cada mês: teremos celebrações em todas as comunidades no mesmo dia. Aproximadamente 720 comunidades celebrando, conjuntamente, a história de nossa Diocese, a partir de temas específicos, fortalecendo o espírito de comunhão e unidade em nossa Igreja Particular.

TEMAS: História dos Combonianos; História das Paróquias; da nossa Formação Bíblica; das Missões populares; História das Religiosas na Diocese; Assembleias Diocesanas; Vocações – Ordenações: presbiteral e episcopal; História das Comunicações; das Pastorais Sociais (nossos Mártires); História da implantação do Dízimo; História do Laicato…

– NOSSA VOZ – além das celebrações, serão confeccionados informativos sobre a história da Diocese, (com fatos de figuras marcantes, que passaram por esta Diocese).

– Nos meses de maio / junho / julho / agosto de 2018; escolher um sábado do mês, para que uma Forania venha até a Catedral e presida a Missa após cumprir um roteiro histórico, além de confraternização e passeio nos lugares históricos.

– Na festa da Penha de 2018 – Se possível celebrar juntamente com a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, que também celebra 60 anos de caminhada eclesial.

– 21/09/2018 – Festa de Encerramento dos 60 Anos (com a presença dos Padroeiros de cada paróquia na festa da Diocese).

As Santas Missões Populares, todas as atividades do Ano Jubilar e demais atividades das pastorais e movimentos, assembleias em nível paroquial e forania, serão elementos fundamentais na construção da Assembléia Diocesana de 2019.

Deixemos ressoar em nosso coração, o que nos diz o profeta Isaias na leitura de hoje: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a pazque traz a boa notíciaque anuncia a salvaçãoque diz a Sião:Seu Deus  reina” (Is 52,7).

– Estas são algumas iniciativas no campo religioso, agora no campo social tem muito a se fazer. Aproveito a oportunidade com a presença das autoridades públicas, principalmente do vice Governador César Colnago, para fazer algumas reivindicações:

– Na condição de cidadãos temos o dever de pautar e exigir as atuações políticas pelo compromisso social, pela democratização e perenidade das políticas públicas. É dever de todos nós, lideranças religiosas, governo e sociedade assumirmos o nosso papel como protagonista e sujeitos de todo o processo de construção social.

Por isso, enquanto Igreja, mas também enquanto cidadão Mateense, acolhendo o clamor do povo, queremos reivindicar que as políticas públicas prioritárias neste Município de São Mateus/ES e em todo norte do Estado (envolvendo a Diocese de São Mateus e Colatina) sejam olhadas com muito carinho pelo poder público: água potável, (a água salgada está causando sérios problemas à população), limpeza e coleta de lixo, iluminação pública, o zelo e manutenção pelas ruas e praças, podas e outros cuidados com as árvores no setor urbano, reativação das câmaras de vídeo monitoramento, esgoto, saúde (o norte do estado está doente), educação, segurança, um olhar atento aos projetos sociais do município de São Mateus e demais municípios: casa de passagem, casa lar, asilo dos velhinhos, presídio, projeto Araças, o povo de rua, pastoral do menor e outras iniciativas sociais em todo o norte do Estado. A situação do homem do campo seja olhada com muita seriedade e respeito (reflorestamento, recuperação das nascentes, barragens, caixas secas, reservatórios de água, poços artesianos, condições dignas para aquisição de recursos para plantio e manutenção (alimentação) das plantações como: facilitar os custeios, Pronaf, financiamentos, etc,). Clamamos por recursos públicos, que atendam os anseios de nosso povo.

– Que a festa dos 473 anos de São Mateus e abertura dos 60 anos da caminhada de fé de nossa Diocese, ressoe no coração de todos nós e de modo especial do setor público, o grande grito pela vida e um olhar esperançoso, mas ao mesmo tempo de concretização dos projetos no norte de nosso Estado.

Que São Mateus, nosso santo padroeiro, interceda a Deus por nós, olhe por nossa “Igreja profética e missionária, a serviço da vida”.

SÃO MATEUS! ROGAI POR NÓS.

     DOM PAULO BOSI DAL’BÓ
BISPO DIOCESANO

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