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2 de março de 2019

Carta aberta do Bispo Diocesano e dos Padres da Diocese de São Mateus em solidariedade à Paróquia de Pinheiros-ES


Publicado por: Pastoral da Comunicação Diocesana


Nós, padres da Diocese de São Mateus-ES, em comunhão com o nosso Bispo Diocesano, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, manifestamos nosso apoio e solidariedade aos fiéis da paróquia São João Evangelista e seu pároco, Padre Jonas Nunes Coutinho, que foram surpreendidos pelo prefeito do município de Pinheiros nos últimos dias.  Ele estabeleceu a festa da Cidade no período da Semana Santa, que para nós católicos são dias de oração, penitência e glorificação do nome do Senhor. A festa do município nestes dias contraria o espírito cristão, que deve ser de oração e recolhimento.

A Semana Santa começa com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, neste ano no dia 14/04. O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal, que se inicia com a Missa vespertina da Quinta-feira Santa e se conclui com a Vigília Pascal, no Sábado Santo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério da Páscoa.

– Na quinta-feira à noite acontece a celebração solene da Missa em que se faz memória da instituição da Eucaristia, do mandato do amor ao próximo e do Sacerdócio ministerial.

– Na Sexta-feira Santa a Igreja contempla o mistério do grande amor de Deus pelos homens. Ela se recolhe no silêncio, na oração e na escuta da Palavra Divina, procurando entender o significado profundo da morte do Senhor. Nesse dia a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne como ato de homenagem e gratidão a Cristo por sua paixão redentora.

– Sábado Santo é dia de silêncio e de oração. A Igreja permanece junto ao sepulcro, meditando no mistério da morte do Senhor e na expectativa de sua ressurreição. À noite, a Igreja celebra a solene Vigília Pascal, a “mãe de todas as vigílias”, revivendo a ressurreição de Cristo, a vitória sobre o pecado e a morte. Tudo culmina com o Domingo da Páscoa.

Estas celebrações são fixadas na Igreja Católica ao longo de muitos séculos. Não as criamos agora. A Constituição Federal no Art. 5, parágrafo VI: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Entendemos que nossa liturgia é respeitada pela Constituição de nosso País. Ela nos concede esse direito de viver esta experiência religiosa. Quando dizemos “nós”, não nos referimos apenas aos padres e bispos, mas todo povo cristão católico. Pedimos que respeitem a nossa fé e façam cumprir a Constituição.

Propor uma festa da cidade nesta época é desrespeitoso com a cultura religiosa manifestada ao longo de séculos no Brasil. Esta atividade inviabiliza a participação de muitos cristãos católicos que desejam celebrar sua fé nestes dias. Muitos, por causa de seu emprego e porque precisam de trabalho, poderão deixar de ir à Igreja para conseguir uma renda financeira extra para ajudar no orçamento; outros poderão ser obrigados pelos patrões a trabalharem de forma contrária a sua fé.

Dentro desse espírito pascal, convocamos os fiéis a permanecerem em comunhão com a Igreja presente no mundo inteiro. Sejam firmes no propósito de viver uma fecunda Semana Santa. Não se deixem seduzir pelo espírito do secularismo e da indiferença religiosa, mas caminhem com Jesus que promove a vida de seu povo em todo tempo e lugar. Manifestemos nossa indignação não participando deste evento que fere os princípios da fé. Façam um propósito: se permanecer a festa da cidade, você cristão católico não participe deste evento. Faça um “manifesto” através da oração nas comunidades e atividades que acontecerão na Igreja. Celebrem a vida em Jesus Cristo. Ele se preocupou com pobres e marginalizados. Precisamos viver um Evangelho que acolha e promova a vida de todos, independente de cor, raça, sexo ou religião.

Roguemos a São Mateus, nosso glorioso Apóstolo, a São João Evangelista e à Virgem Maria, Senhora das Dores, que interceda pela Igreja em Pinheiros. Deus abençoe a todos.

Pe. Enizael de Souza Soares
Representante dos presbíteros

Dom Paulo Bosi Dal’Bó
Bispo Diocesano