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24 de agosto de 2023

Irmã Daniela Fanti, filha de nossa Diocese, desenvolve trabalho missionário em país africano


Publicado por: Pastoral da Comunicação Diocesana


A missão vale a pena e a igreja de Cristo precisa de pessoas missionárias, disponíveis para o anúncio do Evangelho, sobretudo para ajudar os mais pobres e abandonados a erguerem sua cabeça e caminharem.

Seguindo este princípio de solidariedade, que a Irmã Daniela Fanti, Missionária Comboniana, natural da Paróquia São Francisco de Assis, São Mateus/ES, sentiu-se tocada e partiu em missão rumo ao país africano da República Centro-Africana.

A República Centro-Africana, também chamada de República da África-Central é um país localizado no centro da África, limitado a norte pelo Chade, a nordeste pelo Sudão, a leste pelo Sudão do Sul, a sul pela República Democrática do Congo e pela República do Congo, e a oeste pelos Camarões. Um país pouco conhecido e pouco desenvolvido. Por não ter saídas para o mar, a entrada de produtos no país depende exclusivamente de países vizinhos, principalmente pelo porto de Camarões.

Irmã Daniela vive na província de Lobay, localizada na cidade de Bagandou, próximo da fronteira com o Congo. Coberta por muitas florestas equatoriais, muito verde e muito canto dos pássaros, a comunidade local é formada exclusivamente por agricultores que possuem criações de galinhas, cabras e ovelhas e pequenos comércios. Uma região sem energia elétrica, água potável e praticamente sem nenhuma infraestrutura, que apresenta um grande desequilíbrio ambiental devido a extração de madeira e à forte atuação dos garimpos que atuam na exploração de ouro e diamantes.

Por ser uma área de grande exploração, toda riqueza gerada vai embora do país, deixando um rastro de devastação, desmatamento, prostituição, drogas, entre outros, provocando uma pobreza extrema.

A população que existe na região é composta por duas etnias: Os Pigmeus e os Bantos. Os Pigmeus, que recebem este nome por ser de baixa estatura, são nômades e vivem dos produtos da floresta, sendo considerados um dos povos mais antigos da África. Do outro lado, os Bantos. Um povo de alta estatura, economicamente desenvolvidos, sedentários, vivem da agricultura e dos pequenos comércios.

Em toda a região existe um grande conflito entre esses dois povos. Um conflito tribal, não a ponto de um matar o outro, mas sim de discriminação social, uma guerra de preconceitos. Pelo fato de serem baixos, os bantos por serem de alta estatura, se consideram superiores. Este fato causa grande exclusão social em todos os sentidos, fazendo com que os pigmeus fiquem sem acesso à educação, à saúde e às políticas públicas, deixando-os cada vez mais pobres e sem condições de viverem dignamente. Como vivem ligados diretamente à floresta, os pigmeus estão sendo afetados pela extração da madeira, fato este que provoca a falta de alimentos. Isso faz com que precisem ir para a cidade e lá não encontram oportunidades, não conseguem se adaptar ao modo de vida urbano.

Trabalho social e humanitário

Atuando diretamente entre os povos na região, surge o trabalho social e humanitário realizado pela Igreja Católica, que atua sem fazer distinção e nem tribalismo, mas que trabalha em prol da evangelização. Ambas as tribos são formadas por filhos de Deus e seguindo esse princípio, a grande missão aqui é ser ponte. Ponte de reconciliação e ponte de diálogo, porém com um único objetivo que é ajudar a todos.

Pelo fato dos pigmeus estarem vivendo numa situação de maior vulnerabilidade, sendo considerado a parte mais fraca, é fornecido um suporte maior a eles.

Na região, existe um hospital católico, que conta com a colaboração de dois padres fideidôminos da Polônia. Como não dispõe de energia elétrica, somente o setor operatório, que é utilizado apenas para pequenos procedimentos, utiliza a energia solar. O hospital atende todas as duas tribos de acordo com as necessidades dos pacientes. Mas devido às condições precárias dos povos pigmeus, o atendimento é priorizado a eles. Esse trabalho é feito em conjunto para mostrar aos bantos que é preciso respeitar os mais fracos, os marginalizados e, principalmente, fazê-los enxergar o rosto de Cristo na figura do doente que sofre.

Igreja viva em ação

Outro importante ponto que o trabalho missionário desenvolve é sobre a fé. A região em que atuam ainda é de primeira evangelização. Muitos não conhecem a Jesus. Dia a dia vai sendo criado um ambiente para propor uma maior convivência com os primeiros cristãos, que aos poucos vão aceitando o anúncio do Evangelho e tornando-se católicos.

A igreja promove a evangelização voltada para as duas tribos. Rezam e celebram a Eucaristia juntos, e nesta convivência vai se formando líderes de comunidades para atuem juntos.

O trabalho da paróquia é realizado dentro de uma escola de integração pigméia bantú, situada há 15km da casa onde moram. Atualmente na comunidade onde a Irmã Daniela atua, conta com a colaboração de mais cinco irmãs, que juntas trabalham na paróquia e em duas escolas da Diocese.

Educação

A Igreja Católica tomou a iniciativa de abrir escolas dentro das comunidades. Devido as guerras civis, o sistema educacional foi completamente abandonado e não existem mais. A escolas que existem, foram criadas e implantadas dentro dos acampamentos pigmeus, em parceira com o Estado. Em cada capela, foi instalada uma escola ao lado para trabalhar na alfabetização de crianças e adultos.

As irmãs combonianas possuem uma metodologia de ensino coletivo, colocando os dois povos para estudarem juntos, para aprender a conviver e aceitarem uns aos outros, reduzindo assim o maior obstáculo que é o preconceito. A escola é o lugar ideal para esse processo de socialização, local de aprendizado humano e social.

“Para mim é uma alegria muito grande estar aqui trabalhando com este povo, criando esta ponte de reconciliação, evangelizando através da escola e principalmente, levando a mensagem de Cristo. Como missionária comboniana, esse é o meu carisma”.

Agradeço a Deus pelo dom da Vocação, minhas irmãs em Cristo Jesus, à comunidade de padres, todo o povo da Diocese de São Mateus, todos os leigos, sobretudo os leigos missionários, que vem do mundo inteiro para colocar-se à serviço e fazer as coisas acontecerem. Pessoas simples que se dispõem em ajudar nos mais diversos serviços, entre eles médicos, pedreiros, eletricistas e outros.

Aqui toda ajuda é bem-vinda”, finaliza irmã Daniela Fanti.