Ano Nacional Vocacional
Vocação: Graça e Missão
“Corações ardentes, pés a caminho”
(cf. Lc 24,32-33)
TERCEIRA PARTE
VOCAÇÃO É MISSÃO
Com o lema do Ano Vocacional, “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33), entramos em sintonia com a Igreja, percorrendo os passos dos discípulos de Jesus Cristo. Nesse terceiro ponto, o texto-base nos fortalece para a prática do objetivo geral, que é “promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus” (n. 3).
“Aquele que chama, também envia (n.2). Aqui está um ponto central para compreendermos nossa realidade de filhos e filhas batizados. Não somos cristãos somente para nós mesmos, somos também para os outros, a nossa vivência batismal deve transbordar e tocar as realidades daqueles que ainda não fizeram uma profunda experiencia com Deus. O Senhor não nos chamou para um fechamento, mas sim à uma abertura, somos enviados para anunciar o Reino de Deus que é libertação à humanidade corrompida.
“O discípulo missionário é alguém que, a exemplo dos primeiros discípulos, fez a experiência do encontro” (n. 159). Essa experiência não pode ser de qualquer jeito, deve ser verdadeira e profunda, pois, como nos ensina o documento de Aparecida, “é o encontro mais importante e decisivo de sua vida que o preenche de luz, força e esperança: o encontro com Jesus, sua rocha, sua paz e sua vida” (n. 21).
É necessário romper as barreiras de nosso comodismo e até mesmo aquelas que vão sendo apresentadas pela globalização, por ideologias, sistemas e cenários. O individualismo exacerbado que toma conta dos discursos atuais não é compatível com o ser cristão, com o ser Igreja. O fechamento e as divisões não comportam e não se abrem ao ser Igreja missionária e sinodal. Por isso, somos convidados a reforçar em nossos corações o que é ser Igreja e qual a nossa missão, o que significa ser batizado e ser chamado cristão.
A missão é parte constitutiva do ser da Igreja, faz parte da sua natureza, por isso, o Papa Francisco nos chama a ser uma “Igreja em saída”. Acolher esse convite, é ser não somente “uma Igreja que sai da comodidade dos seus templos para ir ao encontro do outro, mas é também uma Igreja capaz de abrir suas portas para acolher todos aqueles que queiram entrar” (n. 160).
Como Igreja sinodal devemos olhar a cada pessoa humana com atenção especial, pois todas são vocacionadas nas mais diversas etapas da vida em que se encontram. Na contemporaneidade marcada por diversos conflitos que atingem principalmente as crianças e jovens, devemos nos perguntar “como viver a sinodalidade e a missionariedade?” (n. 147). A Igreja, atenta aos ‘sinais dos tempos’ tem consciência que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS, n. 1), dessa maneira, o pontificado do Papa Francisco convida a cultiva “nossa corresponsabilidade e atitude de pertença” (FT, n. 230).
Neste ano vocacional, “por meio da Escritura e ao partir do Pão, sentimos o nosso coração arder, ressoando o chamado do senhor, que nos convoca para a missão” (n. 181). A comunidade dos fiéis é chamada, mais uma vez, a tomar consciência de seu papel em meio ao mundo: “é para o serviço e para o amor que somos chamados, consagrados e enviados em missão”, ela deve ser entendida como o lugar do serviço, renovação, criatividade, oração, doação. O Espírito Santo é o fundamento de todo o itinerário, é Ele quem chama e envia. É o próprio Espírito quem desperta a consciência que “todos somos animadores vocacionais”, e que devemos fazer do mundo uma grande “comunidade vocacional”.
O texto-base do ano vocacional conclui que toda essa reflexão é um ‘pontapé inicial’, e que “trouxe uma reflexão sobre o tema e o lema do 3º Ano Vocacional do Brasil, aprofundando a compreensão de vocação, que é graça e missão. Desejou provocar pessoas e comunidades a sentirem seus corações arderem e seus pés se colocarem a caminho” (n.225).
Nosso desejo é fazer avançar a cultura vocacional para que cada vez mais nossos discursos, serviços, pastorais, movimentos, famílias e toda ação eclesial seja terreno fecundo de vocações. Que a chama do Espírito nos faça trilhar O Caminho que é Cristo Jesus. Queremos finalizar nossa reflexão apresentando um pedaço do cordel que se encontra no texto-base do Ano Vocacional Nacional, feito pelo seminarista Ismael Felix de Souza da diocese de Jundiaí (SP).
“[…] Foi Jesus quem escolheu os que Ele quis, e assim chamou a serem configurados a Ele, que o Pai mandou para salvar este mundo, e este mistério profundo Cristo à Igreja entregou. […] Chamados à santidade desde a pia batismal, cada filho da Igreja tem por modelo central o Cristo, Santo de Deus que convida os filhos seus à missão eclesial. […].
REFERÊNCIAS DAS TRÊS PARTES DOS TEXTO:
BÍBLIA de Jerusalém. 11.ed. São Paulo: Paulus, 2016.
CNBB. 3º Ano Vocacional do Brasil- Vocação: Graça e Missão– Texto- Base. Brasília: Edições CNBB, 2022.
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. In: CONCÍLIO VATICANO II. Compêndio do Vaticano II: constituições, decretos e declarações. 29.ed. Coordenação de Frederico Vier. Petrópolis: Vozes, 2000.
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Pastoral Gaudium et Spes. In: CONCILIO VATICANO II. Constituições, decretos, declarações, documentos pontifícios complementados. Madrid: Editorial Católica, 1965.
FRANCISCO, Papa. Fratelli Tutti: Carta Encíclica sobre a fraternidade e a amizade social. Brasília: CNBB, 2020.

Autor: Seminarista Fabricio Soares Pardim – 3° Ano de Teologia – 2023