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19 de abril de 2023

“Um Ano Vocacional para o Brasil: Graça e Missão”.


Publicado por: Pastoral da Comunicação Diocesana


Ano Nacional Vocacional
Vocação: Graça e Missão
“Corações ardentes, pés a caminho”
(cf. Lc 24,32-33)

No ano de 2023 a Igreja no Brasil é convidada a celebrar o terceiro ano vocacional com o tema “Vocação: Graça e Missão e o lema Corações ardentes pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33). O primeiro em 1983 com o tema “Vem e Segue-Me” (cf. Mt 9, 9-18), o segundo em 2003 “Batismo, fonte de todas as vocações”. Neste ano vocacional, a Igreja tem por “objetivo promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus” (n. 9). A Igreja convida a perceber na imagem dos discípulos de Emaús, o nosso discipulado. Nesse caminho, sempre à Luz do Evangelho, cada pessoa compreende a sua identidade e missão. O texto-base do Ano Vocacional nos leva a refletir a nossa compreensão sobre a vocação e missão na Igreja, dessa maneira, em três momentos iremos entrar em contato com alguns pontos que colaboram em nossa vivência vocacional.

VOCAÇÃO

Enquanto a graça faz o coração arder, a Missão faz os pés estarem a caminho, em movimento. Entre o coração que arde ao escutar a Palavra do Ressuscitado e os pés que se colocam a caminho para anunciar o encontro com Cristo, temos a parada, o sentar-se à mesa, o pão repartido, a partilha, a comunhão, um gesto fundamental que faz os olhos se abrirem. (n.1). Essa ideia inicial nos coloca num caminho de aprendizagem e recorda que não anunciamos uma ideia ou algo do passado, mas que o anúncio de ontem, hoje e de amanhã tem sempre como fundamento a pessoa de Jesus Cristo, ele é o centro, o fundamento e a meta de toda vocação e missão.

O Senhor chama a cada um, mas o chamado, não é e não pode ser algo estático, engessado, não pode parar por aí. As celebrações do mês de agosto, setembro e outubro podem ser utilizadas de forma catequética para compreender esse caminho a ser percorrido. Em agosto, o mês das vocações, Deus chama; em setembro mês da Bíblia, Deus nos forma e em outubro, mês das missões, Deus nos envia. Assim, compreendemos que o que Senhor chama também envia.

A Igreja, ao despertar a sua consciência vocacional desperta automaticamente o seu vigor missionário, pois ambas as coisas não se separam. Por isso, é necessário fazer nossos espaços serem vocacionais. Compreender que Emaús é aqui, Emaús somos nós, Emaús é assim. Queremos com a celebração do Ano Nacional Vocacional, subir a montanha com Jesus, ouvir o chamado, descer da montanha ser Igreja sinodal, trilhar um caminho de partilha, de encontro, de missão, com Maria fazer Emaús acontecer por uma nova estação vocacional.

Ler a passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-32). “É interessante observar que, quando os discípulos viajavam de Jerusalém a Emaús, era dia lá fora, mas dentro deles fazia-se noite escura e sombria; agora, quando retornaram à cidade do Calvário, lá fora é densa escuridão da noite, mas dentro deles torna-se claro como em pleno e fulgurante meio-dia” (n 21). No princípio de toda vocação, está o encontro pessoal com o Senhor, não basta aquilo que os outros apresentam, é necessário fazer a própria experiencia, que é singular. O encontro entre a criatura e o criador, entre o amor e o amado, entre aquele que chama e o que é chamado.

O Concílio Vaticano II (1962-1965) nos ajuda a compreender que a vocação como um chamado está ligada ao ser missionário e ao convite à santidade. A vocação humana é um dom que edifica o próximo com o testemunho de fé, esperança e caridade. É vocação nossa também “cooperar com a vontade divina, manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a caridade pela qual Deus amou o mundo” (LG, n. 41). Por isso, a Igreja tem essa belíssima tarefa de auxiliar a cada filho no caminho de discernimento da própria vocação. Observando os ‘sinais dos tempos’ e as inspirações do Espírito para os dias de hoje, a comunidade eclesial se coloca nesse percurso para que o homem viva sua vocação sublime à “fraternidade universal” (GS, n. 3), fraternidade que visa a salvação. “A tarefa da Igreja no serviço eclesial vocacional é ajudar a todos a discernir os sinais vocacionais presentes na vida” (n. 28).

A vocação tem uma resposta. Aquele que experimentou ser chamado não pode guardar para si tão grande graça, sem que faça resplandecer em todas as dimensões de sua vida. A resposta à vocação é o amor, um amor-serviço, amor-doação…diante do sofrimento da humanidade, o amor responde revelando que em Cristo somos todos irmãos (Mt 23, 8).

O discípulo que se coloca a caminho, ao contemplar a vida de Cristo, descobre que a partir dali pode responder ao chamado de amor que Deus o fez, ao chamar à vida, ao batismo e a uma vocação específica na Igreja. “O Amor nos lança ao amor” (n. 48), a resposta dada ao amor nos cristifica, torna-nos homens e mulheres eucarísticos” (n. 49). Podemos dizer que as juventudes deste tempo, assim como todos os povos, anseiam por homens e mulheres cristificados, eucarísticos, capazes de se doarem para fazer ressoar sobre a terra a Boa Nova da salvação (DAp, n. 147). Quando nos doamos em Cristo, nos tornamos sementes de uma vida nova.

Na Igreja todos são chamados ao serviço, nela há lugar para todos. O Papa Francisco apresenta ao mundo de hoje a face de uma “Igreja que é casa da misericórdia e terra onde a vocação germina, cresce e dá fruto” (n. 63). Onde os filhos de Deus são chamados a viver a Alegria do Evangelho. A alegria é uma marca do pontificado de Francisco, e lembra a toda Igreja que a alegria está intimamente ligada ao serviço.

Autor: Seminarista Fabricio Soares Pardim – 3° Ano de Teologia – 2023