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O NECESSÁRIO ESFORÇO PELA UNIDADE

Nesta semana que antecede a festa do grande Pentecostes, celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Não há tempo mais propício para tal celebração: Pentecostes foi a manifestação da Igreja a todos os povos, quando ela, imbuída da força do Espírito Santo, inicia a difusão do Evangelho (Cf. At 2,1-11). A Igreja manifesta naquela ocasião concretizava a união de todos os povos que, separados em Babel pela confusão das línguas (cf. Gn 11,1-9), se unem novamente na compreensão mútua de todos pela linguagem única da caridade, na pregação do Evangelho.

Professamos no credo niceno-constantinopolitano: “Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica”. São João ao relatar a ironia que se tornou profecia do sumo-sacerdote Caifás “que Jesus morreria pela nação”, o evangelista acrescenta uma explicação, dando-nos o verdadeiro sentido do sacrifício de Jesus: “e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,51-52).

Durante esta semana, o trecho do Evangelho que nos iluminou, na liturgia da Palavra, é a Oração Sacerdotal de Jesus (Jo 17), por meio da qual Jesus roga insistentemente ao Pai por esta unidade: que aquela mesma unidade que é a Trindade Santa, que esta seja a dos filhos e filhas de Deus –“paraque todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” –; eque nós, os filhos e filhas de Deus unidos, também sejamosintroduzidos dentro do Seio da unidade perfeita da Trindade: “Que eles estejam em nós” (Jo 17,21)

Inspirados por estes textos do Evangelho desta semana, vemos o quanto é importante o vínculo da unidade. Mais do que uma pretensão humana, esta unidade faz parte do desígnio de Deus, isto é, do querer de Deus, para a nossa salvação. O Concílio Vaticano II define a Igreja como “sacramento da união íntima com Deus e da unidade de todo gênero humano” (Lumen Gentium 1). O Senhor Jesus inclusive condiciona a credibilidade do anúncio do Evangelho a esta unidade: “a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).

Dentre as imagens da Igreja, a do Corpo de Cristo é a que melhor explicita esta sua dimensão sacramental, pois pela união emCristo em seu Corpo se realiza a união da humanidade entre si, congregando-se nele pessoas “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9).  E nesta humanidade unida entre si e no Seio da Trindade é o próprio Cristo, Deus feito homem, que se faz presente: “Quem vos recebe, a mim recebe” (Mt 10,40).

Esforçar-se pela unidade e pela comunhão é um dever de todo o cristão. Frente ao mundo repleto de divisões e discórdias, deveríamos ser, os cristãos, como uma luz do qual se irradia o pleno sentido do Evangelho: a unidade resultante da reconciliação de todos entre si e com Deus. Porém, quanto mais destacamos ou difundimos as divisões entre nós, mas vamos tornando ineficazes as nossas pregações e vazia a nossa evangelização.

A Igreja deve, portanto, orar e trabalhar sempre para reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo tanto deseja e que o pecado humano feriu, conscientes de que a reconciliação numa só e única Igreja “ultrapassa as forças e capacidades humanas. Por isso depositamos a nossa confiança na oração de Cristo” (UR24).Na diversidade dos carismas que o Espírito Santo distribui a nós para o bem e utilidade de todos (cf. 1Cor 12,7), temos uma única missão: Anunciar o Evangelho e tornar Jesus e o amor do Pai conhecidos (cf.Jo 17,26). Para tal, que cada um se esforce para cumprir bem o seu chamado, e não deixemos de pedir ao Pai, unindo a nossa voz à prece de Jesus: “que todos sejam um” (Jo17,21).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de Jerusalém. 1.ed. São Paulo: Paulus, 2002.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II (1962-1965).Lumen Gentium. In:______.Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). 1. Ed. São Paulo: Paulus, 1997. P. 101-197. (Documentos da Igreja)

______. Unitatis Redintegratio. In:______. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). 1. Ed. São Paulo: Paulus, 1997. P. 215-240. (Documentos da Igreja)

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