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“VEM E SEGUE-ME” (Mt 19,21)

O atual seminário maior da Diocese de São Mateus está completando 20 anos neste ano de 2022. Mas essa história não começou aqui. No início da Diocese foi construído um grande seminário em São Mateus, onde hoje é o Centro Diocesano João XXIII. Com a ausência de numerosas vocações, os poucos seminaristas eram enviados para estudarem em Belo Horizonte. Diante do anseio de nossa igreja diocesana, o seminário retornou para nosso estado. Esse ano também se celebra 40 anos que esse retorno se realizou.

Uma estrutura formativa pode ser comparada como uma sementeira, na qual o jovem é a semente ou contém a semente da vocação sacerdotal. Este será cuidado e deve se permitir desenvolver para germinar, crescer e produzir frutos. Para nossa Igreja diocesana e para nós que estamos vivendo nesta casa, é um momento de grande alegria e de graça.

O sacerdócio é um chamado a seguir Cristo que “sendo rico, por nós se fez pobre para enriquecer-nos com sua pobreza” (2 Cor 8, 9). O seminário é o coração da diocese, ao passo que dele se formam e saem os futuros presbíteros para a Santa Mãe Igreja. Rejubilamo-nos de alegria com os padres e bispos filhos deste seminário. Por aqui passaram muitos jovens provenientes dos mais diversos lugares da Diocese de São Mateus, 45 padres, 2 bispos: Dom Edivalter Andrade (foi reitor de 1990 a 2000), bispo de Floriano, no Piauí e Dom Ailton Menegussi (foi reitor de 2004 a 2012), hoje bispo de Crateús, no Ceará.

Graças rendemos a Deus por tantas bençãos concedidas até aqui, ao longo da história, e seguimos firmes no propósito de formar bons padres para o povo, ou como nos lembra Aparecida “o Povo de Deus sente a necessidade de presbíteros discípulos: que tenham profunda experiência de Deus, configurados com o coração do Bom Pastor, dóceis às orientações do Espírito, que se nutram da Palavra de Deus, da Eucaristia e da oração; de presbíteros missionários: movidos pela caridade pastoral que os leve a cuidar do rebanho a eles confiado e a procurar os mais afastados pregando a Palavra de Deus, sempre em profunda comunhão com seu Bispo, com os presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas e leigos; de presbíteros servidores da vida: que estejam atentos às necessidades dos mais pobres, comprometidos na defesa dos direitos dos mais fracos, e promotores da cultura da solidariedade. Também de presbíteros cheios de misericórdia, disponíveis para administrar o sacramento da reconciliação.” (DAp, n. 199, 2007).

Por aqui, já passaram muitos jovens. Eles e nós, que aqui estamos, formamos uma só família atentos sempre à Palavra do Senhor: “Portanto quem ouve essas minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente que construiu uma casa sobre a rocha” (Mt 7,24). Muitos escutaram a vós de Deus e se esforçaram por um espaço próprio e apropriado para a formação de novos padres. Muitos escutaram a voz de Deus e se colocaram em processo de discernimento vocacional e se permitiram fazer parte deste processo, para que construíssem um projeto de vida verdadeiro e seguro, fundamentado em Jesus Cristo, a rocha de sustento da nossa vida.

O lema proposto para este momento especial é: “Vem e segue-me” (Mt 19,21). No diálogo de Jesus com o jovem rico, tem-se um teor vocacional e provocativo que deixa aquele jovem muito pensativo. Jesus o chama a segui-Lo, pois sabe que lhe falta algo mais para poder alcançar. Apesar de ser um fiel cumpridor dos mandamentos, o jovem rico precisa superar a Lei antiga e se engajar no caminho de salvação anunciado por Cristo Jesus. Compreende-se que duas atitudes são essenciais para se alcançar a vida eterna: fidelidade aos mandamentos da Lei de Deus e uma adesão ilimitada ao seu Filho.

As palavras do Mestre são questionadoras. Há um chamado que deve ser ouvido e ressoar nos corações. Cada uma escuta a voz de Deus de forma única e em diversas circunstâncias, mas para cada um de nós, este chamado tem um ponto em comum: é o Filho de Deus que vem ao nosso encontro e modifica todos os planos da vida. Deus chama e a pessoa humana na liberdade responde (Cf. PDV, n. 36). A iniciativa do chamado, quem, quando e para quê, é sempre de Deus.  “E chamou aquele que ele quis e estes foram ter com ele (Mc 3,1), “segui-me e farei de vós pescadores de homens e eles deixando imediatamente as redes seguiram-no” (Mt 4,19-20).

Neste ano jubilar, queremos motivar a todos sobre a importância de uma Igreja que reza pelas vocações. A Igreja precisa de mais padres e mais freiras, para contribuírem de forma específica na missão de evangelizar. Todos os jovens de hoje são chamados, pelo próprio Cristo, a serem fiéis seguidores configurando-se a Jesus Cristo.  Ser livre dos bens deste mundo é necessário para estar livre diante do maior bem de todos, o Filho de Deus.

Quem se entrega a Deus, sente o seu coração arder e inquietar-se por sua Palavra. Assim, o Senhor o convida a dar uma resposta positiva e assim como nos diz o salmista “entregue seu caminho ao Senhor, confia Nele e Ele agirá” (Sl 37), pois não a nada melhor do que viver para Cristo.

A vocação é um dom de Deus e jamais uma vontade ou direito do homem. Por isso, quem procura esse modo de vida jamais deve fazê-lo por interesse, como projeto de promoção ou beneficiamento (Cf. PDV, n. 36). Fundamentada na liberdade, a resposta deve ser em vista da confiança na segurança de Deus, no amor, para servir a quem necessita.

Na sequência do evangelho, Jesus disse aos apóstolos que quem fizer a opção pelo reino se configurando a ele, fará parte de uma grande família aos quais deverão servir. Deus é Pai “e todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe… por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna” (Mt 19,29).

Diante do Chamado de Jesus, o Jovem não respondeu e saiu muito triste, pois era rico e estava apegado à muitas coisas. Jesus continua chamando e chama você também para segui-lo.  É preciso sair de si mesmo e ver as muitas realidades existentes, para perceber o quão importante você é para os planos de Deus. Todos temos talentos que devem ser usados em prol da vida.

Maria, modelo das vocações, interceda por todos os jovens, para que escutando o chamado de Jesus, “Vem e segue-me” tenham coragem de, assim como ela, responder: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Na caminhada rumo ao reino definitivo, todos devem ser promotores de vida e ao se doarem, ajudarem na propagação da Boa Nova para aqueles que ainda não ouviram falar de Jesus.

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Nova Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus, 2014.

CELAM. Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Paulus, 2007.

JOÃO PAULO II. Pastores Dabo Vobis: sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais. Petrópolis: Vozes, 1992.

LIVRO TOMBO DO SEMINÁRIO, 2022.

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