No próximo 7 de setembro, enquanto o país celebra oficialmente o Dia da Independência, milhares de brasileiros e brasileiras irão às ruas em todo o território nacional para participar do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas.
Há três décadas, o Grito ecoa como um contraponto popular ao desfile cívico-militar, trazendo para o centro do debate as vozes silenciadas pelas desigualdades sociais. Criado em 1995, inspirado pela Campanha da Fraternidade daquele ano “Fraternidade e Excluídos”, o movimento nasceu como expressão de fé, denúncia e esperança. De lá para cá, se consolidou como um processo permanente de mobilização popular.
O lema da edição de 2025 é claro: “A vida em primeiro lugar – Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia.” A mensagem dialoga diretamente com dois grandes desafios do tempo presente: as crises climáticas e ambientais, que já desabrigam famílias e aprofundam desigualdades, e as ameaças à democracia, ainda marcadas por forças golpistas e pelo avanço de políticas excludentes.
“O Grito é espaço de denúncia e também de anúncio. Denúncia contra a exclusão e anúncio de uma vida digna para todos e todas”, afirma Rosilene Wansetto, da rede Jubileu Sul e Articulação Nacional do Grito.
Neste ano, o Grito se une também ao Plebiscito Popular 2025, que mobiliza a população em torno de duas bandeiras centrais:
1. Redução da jornada de trabalho sem corte de salário e fim da escala 6×1, como caminho para mais saúde, mais empregos e mais qualidade de vida.
2. Justiça tributária, com isenção de impostos até R$ 5 mil e cobrança progressiva a partir de R$ 50 mil, para aliviar os mais pobres e taxar os super-ricos.
Desde a primeira edição, em 1995, que reuniu manifestações em 170 localidades, o Grito cresceu e atravessou fronteiras. Em 1999, tornou-se continental, chegando a 15 países da América Latina e do Caribe, sempre carregando a mesma convicção: a vida em primeiro lugar.
Neste 7 de setembro, dezenas de cidades terão caminhadas, debates, atos públicos, rodas de conversa, seminários e expressões culturais. O período coincide também com o julgamento dos atos golpistas de 8 de janeiro, o que reforça o tom de defesa intransigente da democracia e da soberania nacional.
Na Grande Vitória, a concentração está marcada para às 8h, na Praça Portal do Príncipe, próximo à rodoviária.
O Grito dos Excluídos e Excluídas é, acima de tudo, a voz coletiva das periferias urbanas, dos campos, das comunidades tradicionais, dos povos indígenas, das mulheres, da juventude, dos migrantes e dos trabalhadores.
Mais que um evento, é um processo vivo de resistência e solidariedade, que reafirma: cuidar da Casa Comum e defender a democracia são lutas de todo dia.



