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Homilia de Dom Paulo na Ordenação Episcopal de Dom Edivalter Andrade

DIOCESE DE SÃO MATEUS – 10 DE JUNHO DE 2017

HOMILIA: Ordenação Episcopal de Dom Edivalter Andrade.

– Excelentíssimos e Reverendíssimos Arcebispos e Bispos aqui presentes. Reverendíssimos e amados Presbíteros e Diáconos. Estimados Religiosos e Religiosas, Seminaristas, vocacionados e vocacionadas, autoridades constituídas ou representadas e todo povo santo de Deus aqui presente.

– No espírito do Ano Mariano e das Santas Missões Populares, pulsa forte o coração de nossa Igreja, principalmente a Igreja Particular de São Mateus e de Floriano Piauí, pela Ordenação Episcopal do nosso amigo e irmão Monsenhor Edivalter Andrade, que o saudamos alegremente, neste momento, juntamente com todos os seus familiares.

– No dia em que celebro o aniversário de 17 anos de Ordenação Presbiteral (por Dom Geraldo Lyrio Rocha), não somente eu, mas a Igreja recebe de Deus um grande presente: a ordenação Episcopal do Monsenhor Edivalter. E que presente! Um homem de fé, filho desta Diocese, grande conciliador e pastoralista. 27 anos de ministério presbiteral a serviço da Igreja (nesta Diocese amada de São Mateus). Atuando como: Vigário paroquial; administrador; Pároco; Coordenador Diocesano de Pastoral; Reitor do Seminário; Orientador Espiritual do Seminário; Diretor da Rádio Kairós; Ecônomo; Vigário Geral, etc,..

– Caríssimos irmãos e irmãs, consideremos atentamente o ministério que está sendo confiado na Igreja a este nosso Irmão Monsenhor Edivalter. Jesus Cristo enviou ao mundo os doze Apóstolos, cheios do Espírito Santo, para anunciarem o Evangelho, santificarem e conduzirem todos os povos, congregando-os num só rebanho. E para que este ministério continuasse até o fim dos tempos, os Apóstolos escolheram colaboradores, aos quais comunicaram o dom do Espírito Santo, recebido de Cristo, mediante a imposição das mãos, pela qual é conferida a plenitude do sacramento da Ordem. Assim, pela sucessão contínua dos Bispos, foi conservada, através das gerações, a tradição que vem desde o princípio e cresce até aos nossos dias.

– Monsenhor Edivalter nasceu, cresceu, foi chamado por Deus para uma vocação específica e exerce seu ministério nesta Igreja particular de São Mateus. Uma Igreja PROFÉTICA e missionária a serviço da vida. Ele amplia seu espírito de profetismo com o tema: NA TERNURA DE CRISTO, iluminado pela figura do Bom Pastor. Parabenizo-lhe pela sensibilidade e brilhante iluminação na escolha dos textos bíblicos, como fontes inspiradoras para sua ordenação e missão como sucessor dos Apóstolos. Textos que refletem não somente no cenário político, cultural ou religioso, mas em todos os cenários na arte do saber.

– Contemplemos o espírito de profeta e pastor na profecia de Ezequiel. No Antigo Testamento, os dirigentes do povo eram chamados pastores. Na comparação do profeta Ezequiel na primeira leitura, pastores são as autoridades públicas, o rebanho é o povo, que pertence exclusivamente a Deus. A função do pastor é cuidar do rebanho em todos os sentidos, principalmente defendê-lo dos lobos ferozes (maus pastores). O que acontece, porém? As autoridades públicas, em vez de cuidarem do povo, se preocupam exclusivamente com seus próprios interesses; em vez de servirem ao povo, elas o usam em proveito próprio; em vez de defenderem o rebanho, elas o entregam aos inimigos. Na visão do profeta Ezequiel, a ruína da nação é culpa exclusiva das autoridades que a governavam (Cf Ez 34,1-10).

– Quando o povo consegue se libertar das autoridades que dele abusam, consegue reconhecer que a verdadeira autoridade é o próprio Deus, que projeta liberdade e vida para todos. Desse modo, nasce um novo discernimento político e religioso: o povo aprende que só poderá construir uma sociedade justa e fraterna quando souber escolher governantes que façam do projeto de Deus o alicerce do seu próprio projeto (Ez 34,11-16).

– Diante de um sistema que oprime e mata, o profeta Ezequiel anuncia uma nova era de paz e prosperidade, e o evangelista João rele este capítulo e vê em Jesus a concretização do Deus Pastor e do Rei Pastor que liberta a humanidade e a reúne em um só rebanho (Jo 10). Porque ama.

– Jesus é o modelo de Pastor: ele não busca seus próprios interesses; ao contrário, ele dá a sua própria vida a todos aqueles que aceitam sua proposta. Jesus encanta multidões, mas também provoca divisão: para uns, suas palavras são loucuras; para outros, sua ação é sinal de libertação. É o verdadeiro Pastor que enfrenta os poderosos, acolhe, cuida, ama e dá a vida por suas ovelhas.

– O gesto mais belo do pastor é dar a vida por amor. Pastor e ovelhas têm uma relação vital, um não vive sem o outro. O pastor conhece suas ovelhas e elas o conhecem. Jesus conhece o Pai e o Pai conhece o Filho. É esta relação íntima e amorosa que Jesus estabelece conosco. “Só amamos aquilo que conhecemos” (São Tomás de Aquino).

– Ao redor da imagem do Pastor, em João 10,1-18, aparece também uma série de outras imagens conexas com a atuação do pastor e a vida das ovelhas. Imagens ou símbolos fortes que farão parte do ministério episcopal do Monsenhor Edivalter e da missão de cada um de nós. Podemos ser: a porta do redil, que significa comunicação, passagem, proteção, segurança, aconchego ou fechamento; o porteiro que controla; o estranho que as ovelhas não conhecem; o ladrão que rouba, mata e destrói; o mercenário que quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo; o pastor que sai à frente do rebanho para guiá-lo à pastagens seguras e luta para defendê-lo, etc,. Qual a identificação ou a missão do Bispo e de cada um de nós neste contexto?

– Parece-me que a história se repete. Monsenhor Edivalter, foi escolhido por Deus para esta nova missão dentro de um contexto social complexo, muito próximo ao que o profeta Ezequiel se destina, principalmente em nosso Brasil. Corrupção, desconfiança, desconforto nas relações interpessoais, espírito de vingança, roubos, injustiças, conflitos, desrespeito e falta de amor ao próximo, mortes, perda de tantos valores, etc,. Como atualizar a profecia de Ezequiel e iluminar esta situação?  Ou ainda, entre tantas vozes que ouvimos de todos os lados no mundo de hoje, como identificar a voz do verdadeiro Pastor Jesus Cristo que nos leva a vida?

– Independente da função que cada um exerce na vida, o primeiro passo fundamental é tornar-se ovelha obediente, identificar, conhecer a voz do Bom Pastor e segui-lo. O segundo passo é fazer a passagem de ovelha para pastor. Tornar-se também um bom pastor, amar e cuidar bem do outro.

– “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo10,10). Querido e amado Edivalter, seguindo os passos e ouvindo a voz do Bom Pastor, fizeste também a escolha pela vida. Ser um bom pastor, que além de sentir o cheiro de suas ovelhas, deve amar e cuidar bem de cada uma delas. Terá também como responsabilidade em teu múnus apostólico, a missão de criar ou fortalecer a consciência do povo, que para construir uma sociedade justa e fraterna, não basta simplesmente eliminar governantes injustos e substituí-los por governantes justos. A justiça deve penetrar todas as relações sociais e interpessoais, eliminando a exploração, a opressão e toda e qualquer forma de corrupção, independente da função que cada um exerce.

– Amado povo de Deus aqui presente, de modo especial os Presbíteros, Diáconos, religiosos(as) e todo povo da Diocese de Floriano, acolham com alegria e ação de graças este novo pastor, Monsenhor Edivalter, que nós, Bispos aqui presentes, mediante a imposição das mãos associamos ao colégio episcopal. Devem honrá-lo como ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus; pois a ele foi confiado testemunhar a verdade do Evangelho e o ministério do Espírito e da santidade. Lembrai-vos das palavras de Cristo aos Apóstolos: «Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos despreza, a Mim despreza, e quem Me despreza, despreza Aquele que Me enviou». Fiquem atentos à voz do novo pastor. Ouçam a sua voz e caminhem com ele. Mantenham acesa a reciprocidade de amor nas relações. Pastor e ovelhas caminhando juntos

– Quanto a ti, caríssimo irmão Monsenhor Edivalter, escolhido pelo Senhor, lembra-te que foste tirado dentre os seres humanos e colocado a serviço deles nas coisas de Deus. O episcopado é um serviço e não uma honra. O Bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado que pelas honrarias recebidas. Conforme o preceito do Senhor, aquele que é maior, seja como o menor e aquele que preside, como o que serve.

– Na figura de pastor, com toda sensibilidade e experiência pastoral, proclama a palavra de Deus, quer agrade, quer desagrade. Exorta com paciência e desejo de ensinar. Na oração e no sacrifício oferecido pelo povo a ti confiado, procura alcançar copiosamente da plenitude do Cristo as riquezas da graça.

– Sabemos que a missão é árdua, porém ela se torna bela, quando estiver pautada no amor gratuito do mestre e Bom Pastor Jesus Cristo que acolhe, ama, cuida e dá a vida por suas ovelhas. NA TERNURA DE CRISTO e com ajuda dos presbíteros conseguirá: procurar a ovelha perdida, trazer de volta aquela que se desgarrar, curar as feridas daquela que se machucar, fortalecer a que estiver fraca, em meio aos conflitos construir ou incentivar a cultura de paz e lutar por uma sociedade justa e fraterna.

– Com amor de pai e de irmão, ama a todos aqueles que Deus te confiou. Ame e cuide bem de suas ovelhas, dos Diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas, porém, mantenha um olhar atento e amoroso aos presbíteros, principalmente aos mais jovens, escolhidos e queridos aos olhos do Senhor.

“Como é importante que os jovens padres encontrem párocos e bispos que os encorajem e não apenas que os esperam porque há necessidade de mudar e de preencher lugares vazios. O coração de um jovem padre vive entre o entusiasmo dos primeiros projetos e a ânsia dos cansaços apostólicos, nos quais emerge um certo temor, que é sinal de sabedoria” (Papa Francisco 01/06/17).

– É necessário estabelecer com os presbíteros uma relação filial, com ênfase na dinâmica do cuidado. Pois, eles são teus colaboradores no serviço de Cristo. E entre vós está presente o próprio Jesus Cristo, Senhor e Pontífice eterno.

– Ama também os pobres e doentes, os peregrinos e imigrantes. Exorta os fiéis a colaborarem contigo na missão apostólica e não recuses ouvi-los de boa vontade. Mostra um zelo incansável pelos que ainda não pertencem ao rebanho de Cristo, como se fossem entregues a ti pelo próprio Cristo. Não te esqueças de que fazes parte do colégio dos Bispos no seio da Igreja universal unida pelo vínculo da caridade.

– Vela, pois, por todo o rebanho dos fiéis cujo serviço te coloca o Espírito Santo, para reger a Igreja de Deus: em nome do Pai, de quem és imagem entre os fiéis; em nome do Filho, cuja missão de mestre, sacerdote e pastor vais exercer; e em nome do Espírito Santo, que dá vida à Igreja de Cristo e fortalece a nossa fraqueza com a sua própria força.

– Em nome da Igreja, particularmente desta Diocese de São Mateus, que tanto amas, Deus seja louvado pelo teu sim e muito obrigado por tudo que fez por esta Diocese. Estamos felizes, porque sabemos que a nossa missão transcende um espaço geográfico e para onde vais, estará dando continuidade a tua missão, servindo a mesma Igreja de Cristo que tanto amamos. Por isso, as três recomendações que o Papa Francisco deixou a todos os sacerdotes, desejamos que ressoem como partes integrantes em teu ministério episcopal: “rezar sem parar, caminhar sempre e partilhar com o coração.”

– Que Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil, São Mateus e São Pedro de Alcântara intercedam a Deus para que o teu ministério seja regado de amor e encanto, fecundo em bênçãos e graças. Assim seja. Amém!

Dom Paulo Bosi Dal´Bó

Bispo Diocesano.

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