Semanas Missionárias: Saborear o Tempo de Graça e Fé
Dener Evangelista Barbosa
Seminarista
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Em obediência ao mandato de Jesus, iluminada pela Palavra de Deus e suscitada pelo Espírito Santo, desde 2013 as Santas Missões Populares estão sacudindo a nossa Diocese, e neste ano de forma muito mais intensa, em sua base, nas nossas mais de 700 comunidades, com a vivência da segunda etapa, o SABOREAR, através das Grandes Semanas Missionárias.
As Semanas Missionárias tem sido uma grande experiência de ressurreição nas paróquias e comunidades que aderiram de coração muito aberto e com força de vontade à sua proposta. Elas movimentam as comunidades e colocam-nas “em saída”, conforme deseja acertadamente o nosso querido Papa Francisco.
Celebrações, visitas, trabalhos nas escolas e entidades, caminhadas, procissões orantes, missas, confissões, encontros fraternos, novas amizades, alegria, muita animação… entre tantas atividades com um único objetivo central, no meu ponto de vista: Fazer com que nossa Igreja saia de si e pise no chão do seu povo, sinta suas dores, veja seus sofrimentos, mas também suas alegrias e esperanças.
Tive a graça de participar em duas Semanas Missionárias (Santo Antônio e Jaguaré) e das duas experiências saí com o espírito renovado e com o coração cheio de Deus. Nelas vivemos a Alegria do Evangelho, a alegria de anunciar o Evangelho.
Alguns aspectos me marcam muito na vida de missionário: a vida orante, nenhum dia de missão começa sem antes entrarmos em contato e ouvirmos os ensinamentos daquele que é a fonte da nossa missão, daquele que nos envia, o Senhor Jesus; a vivência fraterna, é interessante como os grupos de visita se formam, geralmente com pessoas que nem se conheciam, mas o objetivo comum as une e as tornam sinais da presença de Deus; a porta aberta, sem isso o Evangelho não é anunciado. O simples ato do dono da casa abrir a porta e dizer “pode chegar”, “vamos entrando”, “aceito a visita”, é sinal de que o coração está aberto para Deus, mesmo que em alguns casos aquela pessoa pareça estar distante do Senhor; Deus precede, o missionário pode ter a ingênua opinião de que está “levando Deus” às famílias, mas não, Deus já está presente, Ele nunca abandona seus filhos, e nós podemos vê-lo, tocá-lo. Em muitos irmãos Deus está crucificado (preso a uma doença, a um vício, a uma cama, uma cadeira de rodas…), em outros Ele está ressuscitado (curado de alguma enfermidade, em uma família restaurada…), em outros lugares Ele nos ensina (pelos testemunhos de superação de dificuldades, exemplos de vida…), e no fim do dia, o missionário que pensou que ia “levar Deus”, acaba voltando mais cheio de Deus do que antes; o cafezinho, o missionário não passa fome, mas aquele cafezinho oferecido no fim da visita significa muito mais do que “encher a barriga” do missionário, ele significa um toque mais profundo na realidade concreta da vida das pessoas, é como comer no mesmo prato e dizer: “sou seu irmão, somos iguais”; partilha das experiências, é bonito, ao fim do dia, a partilha das boas notícias, e ver a alegria e a satisfação no rosto de cada missionário. Apesar de cansado, o missionário está muito feliz e não se arrepende de ter doado aquele dia aos irmãos; e, por fim, as celebrações de ação de graças, com a comunidade cheia e o reencontro, e até mesmo o retorno à comunidade, de muitos dos que foram visitados.
Não posso deixar de relatar também que esse ano, acredito que em todas as semanas missionárias, um olhar especial será dado à nossa casa comum. Nós, feitos do pó da terra (cf. Gn 2,7), filhos da Terra, precisamos cuidar melhor da nossa mãe. Nas semanas missionárias unimos ao nosso apelo pela chuva um pedido de conversão das nossas atitudes, que deixemos de lado o egoísmo e cuidemos melhor de nossa casa comum. As visitas às nascentes e às represas secas nos põe diante dessa ferida aberta causada por nós, seres humanos.
Mas enfim, viver estas experiências deixou meu coração repleto de alegria e gratidão. Encerro com o uma reflexão que fiz a partir da parábola do Semeador: A nós missionários cabe apenas a tarefa de semear, e a semente que lançamos é a Palavra de Deus. Como dizia São Francisco: “Evangelizar sempre, se for preciso use palavras”. Semeamos com o testemunho de vida, tendo no rosto a alegria do Evangelho; nos braços a força para trabalhar na construção do Reino; nos pés os passos para se colocar em partida missionária, a caminho das periferias existenciais; e no coração o desejo de amar a todos, como o Senhor nos amou. Os que recebem a semente, que abram o coração e permitam que esta caia, pelo menos, em um pouquinho de terra boa. Daí em diante, o fruto quem faz crescer é Deus. Que nossa alegria esteja em SEMEAR!
Deus seja louvado pela vida de nossos missionários!